Olá Pessoal!
Desculpem a demora, mais estou aqui “inaugurando” o Portal dos Bichos com a
minha primeira matéria em que, como prometi, falarei sobre minha vivência com
meus animais.
Hoje vou falar
um pouco de uma garnisé de cor mottle
da raça nagasaki que eu tanto queria
e consegui! Consegui comprá-la depois de muito procura, só que tinha um
detalhe, meu frango da mesma cor estava muito jovem para acasalar. Mais uma
informação eu tinha: na casa que ela estava tinha galos reprodutores.
Esta garnisé
que nomeei de Sabrina começou a botar na minha casa e todo mundo me falava que
podia comer os ovos, que pintinho não sairia por falta de galo apto a
reproduzir. Como sou muito teimosa, fui à luta com minhas leituras sobre o
aparelho reprodutor da fêmea e reprodução em aves, e é disso que quero
compartilhar com vocês, mesmo que para muitos isso seja notícia antiga.
Vamos começar
com o aparelho reprodutor da fêmea (no caso da galinha):
Um embrião de galinha
possui dois ovários e dois ovidutos e que, logo após a eclosão, o ovário e
oviduto direito se atrofiam, e somente o lado esquerdo continua a se
desenvolver-se.
O ovário é uma
massa esponjosa que contém óvulos em diferentes estágios de desenvolvimento. O
oviduto mede de 45 a 75 centímetros de comprimento, e consiste em um canal que
inicia como um funil que capta óvulo amadurecido (gema) e leva até a cloaca,
passando por várias fases, como: formação da clara, membranas da casca e casca.
Este oviduto é constituído por 5 partes: Infundíbulo, Magnum, Istmo, Útero e Vagina.
A gema em
desenvolvimento está presa pelo folículo, quando ela atingir a maturidade, o
folículo se rompe e a gema cai na primeira parte do oviduto: Infundíbulo, nisso
diz-se que ocorreu a ovulação.
O Infundíbulo
é uma estrutura tubular de 4 a 10 cm, sendo percorrido pela gema cerca de 15
min. É nele que o espermatozoide penetra o óvulo, devido a ausência de
albumina, pois ela impede a fecundação.
Após essa fase,
a gema desce para o Magnum, onde recebe cerca de 50% da clara em torno de 2 a 3
horas. O Magnum possui de 20 a 48 cm de comprimento, sendo também uma estrutura
tubular de parede mais espessa que a do Infundíbulo.
Logo em
seguida o ovo vai para o Istmo, onde recebe as membranas da casca e mais 10% da
clara. No Istmo o ovo permanece entre uma hora e uma hora e meia, possui de 4 a
12 cm e uma parede muito grossa, é uma estrutura tubular mais estreita.
Enfim, o ovo
chega ao útero, que é onde são formados os restantes 40% da clara e a casca é
composta em 20 a 23 horas. O útero possui parede mais fina que a do istmo, mas
com forte musculatura, tem de 4 a 12 cm de comprimento e é uma estrutura
expandida em forma de saco.
Com a casca
completa, o ovo entra na vagina onde fica por 5 a 15 min. e recebe a cutícula
que veda as paredes porosas da casca contra a entrada de microorganismos. A
vagina tem cerca de 4 a 12 cm de comprimento.
A cloaca não
contribui para nada na formação do ovo. Ela é um extremo dilatável e o ovo só
estabelece contato com as paredes, pois a vagina se prolapsa no momento da
postura para evitar o contato do ovo com as fezes.
Aproximadamente
26 horas percorrem entre a ovulação e a postura do ovo.
Não vou falar
sobre o aparelho reprodutor do macho, porque ele não me ajudou muito a saber se
os ovos iriam ou não estar fecundados. Agora vamos lá com a reprodução em aves:
O sêmen dos
galos contém uma das maiores concentrações de espermatozoides, cerca de 3,5
milhões por milímetro cúbico. O volume do sêmen oscila entre 0,5cc* a 1,1cc* em
cada ejaculação.
O mínimo de
100 milhões de espermatozoides é preciso para boas condições de fertilização,
mesmo que só um espermatozoide vá penetrar no óvulo.
O número de
acasalamento por dia afeta o volume de sêmen produzido e a concentração de
espermatozoides. O número de acasalamentos que um galo pode realizar varia
entre 25 a 41 vezes.
O poder
fertilizante desses espermatozoides após penetrarem na vagina é de até 30 dias.
Isso acontece porque uma porção dos espermatozoides que estão na vagina entra
nos pequenos túbulos que se localizam na junção uterovaginal, formando os
chamados “ninhos de espermatozoides”, que ai são armazenados e liberados em
torno de 10% por dia e se dirigem ao Infundíbulo, onde ocorrerá a fertilização
de um óvulo.
Existem dois
significados práticos quanto à viabilidade dos espermatozoides dentro desses
túbulos da junção uterovaginal: 1º) a galinha acasalada um galo permanece
botando ovos férteis por até 30 dias – e foi o que aconteceu com a Sabrina – e;
2º) quando for trocar de galo, é preciso esperar mais 30 dias para colocar a
galinha com o novo parceiro.
É aí que a
curiosidade aumentou em colocar os ovos que a Sabrina botou para chocar. Ela
botou 5 ovos (botava um dia sim e outro não) e entrou em choco, depois dos 20
dias começaram a nascer os pintinhos e, detalhe, nasceram os cinco! Mas
infelizmente um morreu antes mesmo dela sair com eles do ninho, aparentemente Sabrina
pisou nele.
Taí, agora
quem quiser “emprestar” a galinha para obter pintinhos de cores diferentes não
precisa esperar ela botar todos os ovos para leva-la para casa, mas tome
cuidado com o seu galo reprodutor!
* cc - centímetro cúbico
BIBLIOGRAFIA
Avicultura: tudo sobre raças,
manejo e nutrição / Sérgio Inácio Englert. – 7º ed. Atual. – Guaíba:
Agropecuária, 1998.
O Garnisé: criação, raças,
doenças, vacinação / David Pereira Neves, Nelson Rodrigo da Silva Martins – São
Paulo: Novo Conceito Editora, 2008.
Texto: REPRODUÇÃO NAS AVES
DOMÉSTICAS (MORAES, I.A)
Imagem retirada de <http://ovooalimentoperfeito.blogspot.com.br/2010/09/formacao-do-ovo-anatomia-do-sistema.html>
Foto tirada por Letícia Prado
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